quarta-feira, 9 de maio de 2012

Lê isso, lê lê lê, lê lê lê...


Sinceramente eu gosto de música sertaneja, principalmente o sertanejo universitário, tão em moda atualmente. Gosto do ritmo, da música, porém as letras geralmente são poesias de sofrimento. Não é à toa que dizem que esse tipo de música é coisa de “corno”. Além disso há muitas referências à vinganças e reclamações. Hoje mesmo ouvi uma música que ironizava o fato do cara ter abandonado a menina e ter ficado na pior, enquanto ela se divertia, e ainda dizia “ai que dó!”. 

Quer dizer, no meio da música contagiante há estímulos a comportamentos anarquistas, como a vida de universitário desregrada e apenas para curtir sem preocupações. Dificilmente vejo em músicas sertanejas referências a coisas positivas. Parece estranho, mas a música alegre deles traz a contradição de ser poeticamente triste. E quando a música é descontraída? Aí surge o exagero e a (falta de) criatividade, usando ultimamente o recurso de onomatopéias como "... e depois para agradar, parará, parará, parará", "le le lê, le le lê, se eu te pegar você vai ver", "que hoje vai rolar o tchê, tchererê tchê tchê, tchererê tchê tchê, tchererê tchê tchê " e por aí vai.

Munhoz e Mariano "Eu vou pegar você e tãe, tãe, tãe...
E as pessoas cantam tudo isso de forma alegre, como se a palavra não tivesse um poder estimulante. E quase ninguém percebe o efeito disso. Somos tão influenciáveis quanto uma criança. A diferença é que a criança está em processo de aprendizado e pode modificar suas opiniões mais facilmente, enquanto o adulto tem a tendência a achar-se sempre certo em suas opiniões. Então cantamos as musicas sertanejas nos shows e nas rádios de forma muito “inocente” sem nos darmos conta de que isso é quase um convite ao anarquismo.

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